Rachado

Cheguei em casa, um tanto desgostoso com a situação, e fui me deitar. Quando acordei, tempos depois, notei que a rachadura aumentou. Os tais sentimentos, coisas estas que se acotovelavam para sair do meu corpo, tomaram parte da minha mente e estavam a me impulsionar em direção a porta de casa, como se quisessem me atirar no mundo. Pensei em resistir mas não foi possível. Me deixei fragilizar por tais sentimentos.
Segui pelas ruas da cidade, guiado pela mão e pela mente pelas entidades que saiam de mim mas não as reconhecia. Por que estou aqui, eu pensava. O que elas querem comigo? A resposta obviamente não chegava. Tal jornada me levou a uma sequencia de momentos passados.
Um destes momentos foi o dia em que, ao lado de uma amiga minha que hoje não mais mora na cidade, me sentei para ver o mar e tomar um sol. Um dos tais sentimentos, o que se chamava Paz, me disse que foi ali que eu me senti em paz comigo mesmo. Foi ali que eu conheci este sentimento.
Um destes momentos foi o dia em que, ao lado de uma amiga minha que hoje não mais mora na cidade, me sentei para ver o mar e tomar um sol. Um dos tais sentimentos, o que se chamava Paz, me disse que foi ali que eu me senti em paz comigo mesmo. Foi ali que eu conheci este sentimento.
Fui levado dali para outro local. Cheguei a minha antiga faculdade, aonde em um banco conheci uma menina linda, branca como mármore, de riso frouxo e cabelos esvoaçantes. Neste momento o sentimento da Paixão, muito vibrante, colocou a mão no meu coração e me disse que ali ele havia me tocado pela primeira vez. Eu me senti apaixonado de novo, em um breve lapso de tempo. Chorei.
Dali me desloquei para um pequeno apartamento, aonde mora a mulher da letra N. Tal mulher já foi minha namorada, mas hoje estamos afastados. Quando a vi, um trio de sentimentos chegou até mim. Amor, Culpa e Fracasso. O Amor me disse que foi com aquela mulher que comecei a amar alguém de verdade, mas a Culpa e o Fracasso logo interromperam e somente me olharam geladamente. Senti um aperto no peito que muito me doeu. O peso se abateu em mim. Me levantei, mesmo pesado, e segui meu caminho.
Me desloquei até o primeiro local aonde comecei a morar nesta cidade. Quando la cheguei, me vi muito menor e mais fraco, alem de indefeso. Comecei a sentir inexplicavelmente algo muito forte, que quase me matou. A Tristeza se fez presente e disse que era o sentimento que mais sinto na vida. O Ódio e Raiva também logo chegaram, dizendo que eram irmãos da Tristeza. Os três juntos pareciam titãs imensos, implacáveis em suas vontades e virtualmente indestrutíveis. Suas vozes ressonavam em uníssono. Diziam que foi ali que comecei a criar as rochas que hoje me cobrem. Diziam que foi ali que me perdi para os sentimentos bons. Senti que eles não eram culpados, mas que algum dia terei que derrota-los.
Quando voltei para casa, vi sentado no sofá a Solidão, que logo me abraçou como se não houvesse amanhã. Abracei ela de voltei e pude lhe entender. Ela me disse que eu a sinto todos os dias, que é a unica parceria que tenho. Quase me deixe levar por tal coisa, mas antes disso, a Amizade interferiu, dizendo que não estava completamente sozinho. Mesmo longe, vi cada um dos meus amigos em algum momento comigo. Isso me deu um alivio.
Lembro-me de ter procurado a tal Felicidade, que dizem ser o sentimento mais belo de todos. Perguntei aos sentimentos se eles tinha visto a Felicidade. Todos eles olharam para mim, de forma avergonhada, e disseram que a Felicidade estava ausente. Perguntei o por que. Eles não conseguiram me responder.
Desde então, estou a procura da Felicidade, o ultimo dos sentimentos.
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